quinta-feira, 30 de junho de 2016

O PASSO ATRÁS DO REINO UNIDO

Numa atitude verdadeiramente patética de calar as vozes mais radicais dentro do seu próprio partido, o conservador senhor Cameron, primeiro-ministro inglês, resolveu brincar com o fogo e queimou-se!

A ideia de marcar um referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia foi, como facilmente se demonstra, um completo absurdo e uma verdadeira tragédia, não só para o próprio RU, mas também para a Europa e o resto do mundo.

A saída dos britânicos do seio da EU é, infelizmente, o retrato do estado comatoso em que se encontra a Europa, entregue que está a uma gente muito pouco recomendável, completamente afastada dos ideais que levaram à sua criação, entretida na sua agenda ultraliberal e na austeridade sem limites. Coitados! Ainda não perceberam que o grande mal desta Europa decadente é a sua desindustrialização e a consequente falência do tão amado Estado Social. 
David Cameron
O “Brexit” dos ingleses representa um retrocesso sem precedentes na construção daquele que é, muito provavelmente, o maior projecto criado pelo Homem em toda a história da Humanidade. 

As consequências desta brincadeira inventada por alguém que está muito longe de ser um líder, muito menos um grande estadista, vão ter um custo gigantesco e imprevisível.

A desvalorização da moeda inglesa é já uma realidade, tendo atingido valores assustadoramente baixos, algo que já não se verificava deste os anos oitenta do século passado.

Muitos acreditam que será uma coisa passageira e que rapidamente vão recuperar o terreno perdido. Não creio que seja assim tão simples!

Os problemas financeiros, económicos, políticos e sociais ainda não começaram verdadeiramente. Seguem dentro de momentos…

A desagregação do reino de Sua Majestade também, com países como a Escócia a querer outro referendo para se manter dentro da EU.

O consequente aumento dos custos das importações e das exportações vai agravar a situação económica de todos, inclusive a nossa. Se os ingleses estão convencidos que se safam com o amigo americano, com o que resta da Commonwealth, ou com a China, esse gigante com pés de barro, estão completamente enganados.

Muitas das empresas sediadas em terras de Sua Majestade também já fazem contas à vida. O melhor é sair ou ficar?

O problema dos refugiados também não ajudou nada. A entrada em massa de gente proveniente do norte de África e Médio Oriente à procura de uma outra vida, longe da guerra e da miséria, está a fazer com que os sentimentos de racismo e xenofobia comecem a pairar um pouco por todo lado. Algo que se pensava mais ou menos irradiado de uma Europa livre e democrática. 

Eu concordo que se ajude estas pessoas! O grande problema é que não há empregos para os que já cá estão, então para quê deixar entrar milhares de pessoas se não temos trabalho para lhes oferecer. Vão fazer o quê? Vão viver à conta de subsídios?

Muitos daqueles que votaram pela saída, no outro dia já estavam arrependidos ao verem que tinham caído na ratoeira. Agora andam numa lufa lufa a arranjar assinaturas para um novo referendo, algo que Cameron já veio rejeitar. Veremos se assim será... 

Assim ditou a votação das gerações mais velhas, quiçá menos letradas e menos esclarecidas. As gerações mais novas ficam de pernas cortadas a pensar naquilo que perderam à custa da imbecilidade e da demagogia. 

Mas será que é de um abanão destes que a Europa estava a precisar para acordar e mudar de rumo? Não creio! Vamos continuar agarrados a uma receita que não nos leva a lado nenhum, enquanto a classe política vai continuar entretida a tratar da sua sobrevivência. Enquanto as prioridades continuarem trocadas, a Europa continuará alegremente no seu declínio até ao colapso final.

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