O PASSO ATRÁS DO REINO UNIDO
Numa atitude verdadeiramente
patética de calar as vozes mais radicais dentro do seu próprio partido, o
conservador senhor Cameron, primeiro-ministro inglês, resolveu brincar com o
fogo e queimou-se!
A ideia de marcar um referendo
sobre a saída do Reino Unido da União Europeia foi, como facilmente se
demonstra, um completo absurdo e uma verdadeira tragédia, não só para o próprio
RU, mas também para a Europa e o resto do mundo.
A saída dos britânicos do seio
da EU é, infelizmente, o retrato do estado comatoso em que se encontra a
Europa, entregue que está a uma gente muito pouco recomendável, completamente
afastada dos ideais que levaram à sua criação, entretida na sua agenda ultraliberal
e na austeridade sem limites. Coitados! Ainda não perceberam que o grande mal
desta Europa decadente é a sua desindustrialização e a consequente falência do
tão amado Estado Social.
David Cameron |
O “Brexit” dos ingleses
representa um retrocesso sem precedentes na construção daquele que é, muito
provavelmente, o maior projecto criado pelo Homem em toda a história da
Humanidade.
As consequências desta
brincadeira inventada por alguém que está muito longe de ser um líder, muito
menos um grande estadista, vão ter um custo gigantesco e imprevisível.
A desvalorização da moeda
inglesa é já uma realidade, tendo atingido valores assustadoramente baixos,
algo que já não se verificava deste os anos oitenta do século passado.
Muitos acreditam que será uma
coisa passageira e que rapidamente vão recuperar o terreno perdido. Não creio
que seja assim tão simples!
Os problemas financeiros,
económicos, políticos e sociais ainda não começaram verdadeiramente. Seguem
dentro de momentos…
A desagregação do reino de Sua
Majestade também, com países como a Escócia a querer outro referendo para se
manter dentro da EU.
O consequente aumento dos
custos das importações e das exportações vai agravar a situação económica de
todos, inclusive a nossa. Se os ingleses estão convencidos que se safam com o amigo
americano, com o que resta da Commonwealth, ou com a China, esse gigante com
pés de barro, estão completamente enganados.
Muitas das empresas sediadas
em terras de Sua Majestade também já fazem contas à vida. O melhor é sair ou
ficar?
O problema dos refugiados
também não ajudou nada. A entrada em massa de gente proveniente do norte de
África e Médio Oriente à procura de uma outra vida, longe da guerra e da
miséria, está a fazer com que os sentimentos de racismo e xenofobia comecem a
pairar um pouco por todo lado. Algo que se pensava mais ou menos irradiado de
uma Europa livre e democrática.
Eu concordo que se ajude estas
pessoas! O grande problema é que não há empregos para os que já cá estão, então para quê deixar entrar milhares de pessoas se não temos trabalho para lhes oferecer. Vão fazer o quê? Vão viver à conta de subsídios?
Muitos daqueles que votaram
pela saída, no outro dia já estavam arrependidos ao verem que tinham caído na
ratoeira. Agora andam numa lufa lufa a arranjar assinaturas para um novo
referendo, algo que Cameron já veio rejeitar. Veremos se assim será...
Mas será que é de um abanão
destes que a Europa estava a precisar para acordar e mudar de rumo? Não creio!
Vamos continuar agarrados a uma receita que não nos leva a lado nenhum,
enquanto a classe política vai continuar entretida a tratar da sua
sobrevivência. Enquanto as prioridades continuarem trocadas, a Europa
continuará alegremente no seu declínio até ao colapso final.
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