O
regresso das 35 horas de trabalho
Hoje, dia 1 de Julho, marca o
regresso das 35 horas de trabalho para a Função Pública. Sinceramente nunca
consegui perceber por que raio o funcionalismo público há-de trabalhar 35 horas
por semana, ao passo que todos os outros trabalham 40.
Coitados! É gente que se
farta de trabalhar? Que se esmera como ninguém em prol do país? Que não dorme a
pensar no nosso desenvolvimento colectivo? Nada disso! O que lhes interessa são
os direitos adquiridos e o cheque ao fim do mês, o resto são balelas para
entreter a malta.
As 35 horas de trabalho semanal é apenas mais um exemplo das cedências que todos os governos têm feito desde
o 25 de Abril para calar a boca aos sindicatos, principalmente àqueles que
estão ligados ao Partido Comunista.
Perante a gritaria, as greves,
as ameaças e a chantagem, os governos cedem a tudo e mais alguma coisa.
Enfrentar os interesses instalados pode custar muitos votos, e quando o
objectivo é ganhar eleições e manter o poleiro, não há nada melhor do que
arranjar uns “rebuçados” para adoçar a boquinha desta gente. Sempre assim foi,
sempre assim será!
Defendida até à exaustão pelo
sindicalismo trauliteiro que temos, as diferentes castas que se apoderaram do
Estado e que sempre viveram à conta do orçamento, continuam a viver no delírio
pensando que o dinheiro cai pelo cano e que todos os outros é que têm de
trabalhar para lhes sustentar os privilégios.
Parece que esta gente ainda
não compreendeu que um país falido, que sempre viveu de mão estendida e que não
produz o suficiente para sustentar o Estado que tem, não pode embarcar em
contos de fada e esquecer o dia de amanhã.
Todas as benesses, aumentos
salariais, reformas, redução de horários, pagamento de horas extraordinárias,
mais dias de férias, etc, tudo isso tem um custo. Mas como ninguém tem a
coragem de enfrentar o problema e atacar a despesa, seja porque o Tribunal
Constitucional não deixa, seja por pura incompetência dos governantes, recorre-se
ao expediente do costume: o aumento sistemático da carga fiscal sobre todos os
outros para tapar os buracos criados pelos privilégios de outros.
O regresso das 35 horas quer
dizer que, das duas uma: ou o trabalho nos serviços de Estado não é assim tanto,
ou que se calhar há gente a mais encostada à sombra da bananeira. Eu acredito
que será mais esta última hipótese! Não será por acaso que o Estado é o maior
empregador do país…
Quem entra numa repartição de
finanças, num tribunal, num centro de saúde, numa câmara municipal, ou em
qualquer outro serviço público, certamente já reparou que existe pessoal a mais
para fazer as mesmas coisas. Se compararmos, por exemplo, o rácio entre o
número de habitantes e o número de trabalhadores no sector público que Espanha
tem, certamente vai reparar nas diferenças.
Passos Coelho cortou e
encerrou, porque a isso foi obrigado. O PS, preocupado que está com a sua
própria sobrevivência política, limita-se a reverter tudo o que foi feito
anteriormente, apenas para satisfazer as exigências das forças delirantes que
suportam o actual executivo. É o preço a pagar quando se dá trela aos
“camaradas” e não se quer perder o tapete… Enfim, é o país que temos!
Quem não está a achar muita
piada a isto é a malta que nos empresta a guita. As declarações do ministro das
finanças alemão, o sinistro Schäuble, são o primeiro alerta para o que aí vem.
É só aguardar…
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