O
Esvaziamento da SIC Notícias
Anteriormente conhecido por CNL (Canal Notícias de Lisboa),
este primeiro canal informativo na televisão por cabo, criado no final do Verão
de 1999, viria a ser mais tarde adquirido pela SIC, tendo dado origem à SIC
Notícias, a partir de Janeiro de 2001.
Canal SIC Notícias
Quem ainda se recorda desses primeiros anos de emissão, e
se quiser comparar com aquilo que hoje nos é oferecido, não pode nem deve ficar
indiferente às colossais diferenças que se encontram no seu funcionamento.
Estou a falar do passado e do presente daquele que já foi,
na minha modesta opinião, o melhor canal informativo da televisão por cabo em
Portugal!
O início da SIC Notícias marcou uma clara diferença no
panorama do audiovisual no nosso país. Para além de continuar a ser o único
canal de informação na televisão por cabo, era também um canal que se
distinguia claramente da sua congénere generalista, a SIC.
Enquanto uma tinha uma informação de cariz mais
popularucho, mais sensacionalista e mais virada para os “fait-divers”, a outra dava
uma especial atenção à informação mais relevante, deixando de lado o acessório.
No dia em que esta clara diferença foi quebrada, já lá vão uns anos, e se
começou a notar que já não havia qualquer diferença entre as duas, ou seja,
quando tudo se tornou igual nos dois canais, a SIC Notícias começou a definhar.
Recordo-me do tempo em que a SIC Notícias preenchia o
horário com debates, uns a seguir aos outros, sobre os mais variados temas da
actualidade e que duravam o tempo que tinham de durar. Não estavam
constantemente a olhar para o relógio como agora. Chamar dois ou três
convidados para dissertar sobre tudo e sobre nada, onde cada um abre a boca para
dizer duas larachas, “e muito obrigada, até para a semana”, tornou-se
verdadeiramente ridículo.
Recordo-me do tempo em que não era preciso estar de hora a
hora sempre a dizer o mesmo. Sempre as mesmas notícias, sempre as mesmas
imagens, sempre a mesma conversa. E eu a pensar que estas coisas das “cassetes”
eram um exclusivo do PCP…
Recordo-me de programas como o “Toda a Verdade” ou o “60
minutos” que eram transmitidos a horas mais decentes.
Recordo-me que não se perdia tempo com programas
demagógicos do tipo “Opinião Pública”, onde o povinho pode dar as suas opiniões
sobre tudo e sobre nada, mas que tem como único objectivo, embora disfarçado,
encher o bolso das operadoras telefónicas e, consequentemente, da própria SIC
Notícias, ou melhor, do grupo Impresa.
Recordo-me da variedade de analistas e comentadores que por
lá passavam todos os dias. Embora hoje ainda tenha um ou outro com alguma
relevância, estamos muito longe daquilo que já foi. A debandada tem sido geral
para outras estações da concorrência. O mesmo tem acontecido com jornalistas e
ex-directores do canal. A situação financeira do grupo assim obriga…
Recordo-me que não se passava a vida em debates
completamente estéreis sobre as incidências do mundo da bola. Quando não se tem
nada para dizer, não há nada melhor do que uma “tertúlia” sobre futebol para
encher o chouriço. Se não chegar, pode-se sempre recorrer a um directo à porta
de um estádio qualquer para ouvir o chamado “vox populi” sobre as incidências
do jogo. Se não resultar, também se podem virar para a sala de conferências de
imprensa e ouvir, por exemplo, esse grande orador da nossa praça chamado Jorge
Jesus. Portanto, escolhas não faltam…
Recordo-me do tempo em que os famosos directos eram
utilizados de uma forma muito mais criteriosa. Pelos vistos, alimentar o circo
mediático tornou-se uma obrigação, uma realidade, tudo em nome das sacrossantas
audiências. No entanto, sempre ouvi dizer que os directos são para ser usados
em casos excepcionais. São isso mesmo: uma excepção e não a regra. Os directos
sem conteúdo, onde o principal objectivo é fazer render o peixe, não nos
interessam para nada.
Recordo o tempo em que a publicidade ocupava muito menos
espaço do que agora. Aquilo que temos hoje, é um verdadeiro absurdo! Intervalos
publicitários de 10 em 10 minutos? Não lembra nem ao diabo!
A este propósito deixem-me perguntar o seguinte: essa
cambada de inúteis da Alta Autoridade para a Comunicação Social já reparou que
os tempos de publicidade estão claramente a ser violados? Segundo sei, as
televisões privadas têm direito a 12 minutos/hora, enquanto a estação pública
tem metade, 6 minutos. Alguém já reparou ou anda tudo distraído?
Pedro Mourinho e Sara Pinto |
Os cenários muito folclóricos para criar a sensação de
modernice e rejuvenescimento, a que se junta um par de jarras a apresentar as
notícias, também não tem qualquer interesse. Não faz qualquer sentido ter duas
figurinhas a apresentar um noticiário, quando o trabalho pode ser perfeitamente
realizado apenas por um. É a minha opinião! Mas a mim sempre me interessou mais
o conteúdo do que a forma das coisas…
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