sexta-feira, 29 de julho de 2016

PINK FLOYD abrem a arca do tesouro

Vinte e sete discos com música e vídeo inéditos ou raros dos Pink Floyd vão ser editados dia 11 de Novembro.

“The Early Years 1965-1972” é a maior abertura de sempre dos arquivos da banda inglesa e será um acontecimento editorial.
"The Early Years 1965-1972"

A maior edição de sempre de material de arquivo inédito dos Pink Floyd vai acontecer no dia 11 de Novembro com o lançamento de “The Early Years 1965-1972”, uma caixa de 27 discos (CD e DVD/blu-ray) contendo mais de 20 canções nunca antes editadas, sete horas de gravações áudio ao vivo aqui reveladas pela primeira vez e cerca de cinco horas de imagens raras de concertos.

Esta edição da Pink Floyd Records com distribuição da Warner Music apresentará sete embalagens individuais em formato de livro (que serão vendidas separadamente no início de 2017, com a excepção do volume bónus que é um exclusivo da caixa). Incluem 130 faixas com um total de 12h33 de áudio e 15h35 de vídeo.

Os conteúdos provêm de filmagens televisivas, gravações de rádio e de estúdios, concertos, entrevistas, telediscos e muitos arquivos da banda, incluindo outtakes e demos. Destaque para os temas “Vegetable Man” e “In The Beechwoods”, ambos de 1967, que foram agora misturados.

A caixa conterá também os primeiros cinco singles de 7” em capas fac-similadas, memorabilia, e três dos mais famosos filmes para os quais os Pink Floyd fizeram a banda sonora (“The Committee”, 1968, de Peter Sykes, “More”, 1969, e “La Vallée”/ “O Vale dos Perdidos”, 1972, ambos de Barbet Schroeder). Além desta edição de luxo estará disponível no mesmo dia uma selecção em 2 CD, “The Early Years – CRE/ATION, com 19 inéditos.
Os Pink Floyd em 1967
VIC SINGH

O primeiro volume da caixa, “1965-1967 Cambridge ST/ATION”, cobre o período em que a banda foi liderada por Syd Barrett e contém as demos que antecederam o contrato com a EMI em 1967, os singles que não foram incluídos no primeiro álbum, “The Piper at the Gates of Dawn”, e a gravação de um concerto de 67 em Estocolmo. Refira-se a presença dos seis temas de 65 com o guitarrista Rado Klose que foram pela primeira vez editados num duplo single no dia 27 de Novembro do ano passado, numa acção relâmpago para evitar que os seus direitos caíssem em domínio público antes da edição de “The Early Years”. O DVD/blu-ray contém, entre outro material, filmagens de concertos no UFO em Londres.

O segundo volume, “1968 GERMIN/ATION”, cobre o período de transição com a saída de Syd Barrett e a entrada de David Gilmour. Destaque para uma sessão recentemente descoberta nos estúdios da Capitol Records em Los Angeles. Na parte audiovisual sobressai o promo clip restaurado de “Point Me at the Sky”.

O terceiro conjunto de discos, “1969 DRAMATIS/ATION”, é um dos mais importantes pois revela a produção ao vivo “The Man” e “The Journey”, cujas canções acabaram divididas por “More” e “Ummagumma”. Teremos performances em Amesterdão e em Londres (BBC), e músicas da banda sonora de “More” que foram usadas no filme mas não incluídas no disco. O DVD/blu-ray revela 20 minutos de um ensaio de “The Man”/ “The Journey” no Royal Festival Hall, que inclui “Afternoon” (que iria ser “Biding My Time”), “The Beginning” (“Green Is The Colour”), “Cymbaline”, “Beset By Creatures of the Deep” e “The End of the Beginning” (a última parte de “A Saucerful of Secrets”) e uma versão de 11 minutos de “Interstellar Overdrive” com Frank Zappa.
A versão em 2 CD, "The Early Years - CRE/ATION"

“1970 DEVI/ATION” dá um tratamento similar à música da banda sonora que gravaram para “Zabriskie Point”/ “Deserto de Almas”, de Michelangelo Antonioni. No mesmo ano, os Floyd editaram “Atom Heart Mother”, cuja primeira interpretação para a BBC com o coro e orquestra é aqui publicada. O vídeo contém uma hora de concerto para o canal KQED de São Francisco e a cobertura pela TV francesa da sua participação no festival de St. Tropez.

Nos discos “1971 REVERBER/ATION” estão as demos de “Echoes” e a sua mistura quadrifónica e imagens da performance que fizeram com o Ballet de Marselha de Roland Petit. Mais imagens da colaboração com o coreógrafo surgem no volume de 1970 e continuam em “1972 OBFUSC/ATION”, cujo principal atractivo é a primeira edição em CD do áudio de “Pink Floyd Live at Pompeii”, o documentário de Adrian Maben, incluindo a reunião das duas partes de “Echoes” que no filme estão separadas.

O sétimo volume é o bónus “CONTINU/ATION” e tem no CD as primeiras BBC sessions, a música de “The Commitée”, e a banda sonora que tocaram em directo em 1969 na BBC TV para acompanhar a ida à Lua da “Apollo 11”.

Ainda não foi indicado preço de referência, mas poderá rondar os 500 euros.



Texto da autoria do Jornalista Rui Tentúgal
Publicado na edição online do Expresso 28-Julho-2016
O jornal A Bola

Deveria ser motivo de reflexão o facto de num país de saloios e analfabetos, onde sempre se venderam quantidades irrisórias de jornais, sejam eles desportivos ou não, que existam diariamente três jornais ditos desportivos, mas que no fundo não passam de jornais sobre futebol.

Quem já deu uma vista de olhos a um jornal deste tipo, sabe perfeitamente que o tema dominante é o futebol, relegando todas as outras modalidades para 4 ou 5 páginas no fim do jornal.

Eu sei que o futebol é o desporto rei! É ele que alimenta a máquina mediática que sustenta os grupos económicos que controlam estes órgãos de comunicação, nem que para isso se tenham de “inventar” notícias sem qualquer fundamento, ou que hoje se diga uma coisa e amanhã se diga o seu contrário, apenas com o intuito de entreter o pagode e tentar aumentar as vendas.

Os entendidos na matéria gostam de referir que existe um jornal desportivo ligado a cada um dos três principais clubes em Portugal. O jornal “A Bola” está ligado ao Benfica, “O Jogo” ao FC Porto e o “Record” ao Sporting. Cada um a puxar a brasa à sua sardinha, contando a sua versão da mesma história como melhor lhe convém. É extraordinário!

Se assim é, então como benfiquista que sou, volta e meia também dou uma vista de olhos na Bola, apenas para ler as gordas! Recorro apenas à sua edição online para evitar ter de gastar um cêntimo neste tipo de leitura!

Ao dar de caras com a página principal, o que mais chama a atenção é que rarissimamente encontramos alguma notícia que não seja de futebol. Será que os outros desportos não merecem igual destaque? Ou será que o motivo é não “venderem” tanto?
Talvez o problema esteja mesmo na falta de cultura desportiva do português.

Como é que eu sei disso? Acho que os recintos desportivos completamente às moscas são uma boa resposta para isso! E não me venham dizer que o problema está na falta de dinheiro no bolso das pessoas! Se há dinheiro para comprar carro novo ou ir de férias para Cancún, é suposto que também haja para assistir a um espectáculo desportivo.

Outra coisa que também nunca consegui perceber é qual a utilidade de uma pequena secção destinada ao erotismo balofo! O que fazem umas gajas em poses mais ou menos descaradas num jornal? Será que é para entreter os mais novos ou os mais velhos? Provavelmente é só mesmo o eterno problema da falta de assunto…

Uma outra alarvidade criada com o aparecimento da internet e das consequentes edições online, foi a criação de janelas de comentários onde cada um pode expressar a sua opinião. Escondidos atrás de “nicknames” completamente imbecis, qualquer idiota com um computador e uma ligação à net pode dizer os maiores disparates, isto se não vir o seu comentário censurado ou apagado. Parece que quem escreve alguma coisa com sentido é muitas vezes ultrapassado por comentários inapropriados, próprios de garotada com excesso de tempo livre. Os exemplos na Bola são bastante elucidativos…

Ao mesmo tempo que vou sabendo das novidades, ou da falta delas, tenho reparado que o jornalismo naquele diário vai de mal a pior. Se olharmos com cuidado e não estivermos mais preocupados com quem sai ou entra do clube A ou B, reparamos que os erros de português são uma constante. As trocas de nomes e de títulos que não correspondem às reportagens exibidas também são muito frequentes.

É caso para se dizer: se temos um mau ensino, maus professores, más escolas, como é que podemos ter bons jornalistas?

Isto prova a ligeireza e o amadorismo com que se trabalha neste país! A histeria e a pressa em colocar notícias para alimentar o circo da mediatização não pode servir de desculpa para tanta incompetência!

Mas a rapaziada da Bola que não fique triste, pensando que são um caso único no panorama jornalístico nacional. Nada disso! Infelizmente, o cenário é generalizado!

domingo, 24 de julho de 2016

RTP, SIC e TVI e os esgotos televisivos

Qualquer pessoa com dois palmos de testa que ligue uma televisão e percorra os quatro canais ditos generalistas de sinal aberto, certamente já se apercebeu da miséria que é oferecida ao povinho.

A falência de um país também se vê naquilo que é transmitido nas nossas televisões, mas se a exigência de quem vê também não for nenhuma, então o resultado é verdadeiramente catastrófico.

No meio de tanta porcaria que nos é oferecida, sobra aquele canal que ainda dá algum relevo à cultura, ao debate, à ciência, ao documentário, a RTP2. O canal que quase ninguém vê, reflexo do baixo nível educacional e cultural de um povo que se diverte com o que de pior a televisão tem para oferecer.

O povo deste triste país à beira-mar plantado nunca foi muito dado ao saber, ao conhecimento, à cultura. Basta consultar um qualquer jornal ou revista que fale de audiências para se verificar por onde andam as suas preferências.

Contenta-se com muito pouco, de preferência com os enlatados que enchem os nossos écrans todos os dias. A palavra exigência nunca fez parte do seu dicionário. Lamento muito que assim seja!

Vejamos:

A RTP1, o principal canal da televisão pública, sustentada pelos impostos dos portugueses (o mesmo acontecendo com a RTP2), foi, ao longo dos anos, entrando em acentuado declínio, consequência do aparecimento das televisões privadas, em primeiro lugar, mas também devido aos progressivos cortes orçamentais efectuados nos últimos anos.

Depois desses cortes, a televisão de todos nós foi obrigada a recorrer à publicidade em larga escala como forma de tentar equilibrar o barco. Na minha opinião, uma televisão que é financiada pelo dinheiro dos contribuintes não deve ter publicidade!

Quando não há dinheiro para garantir uma programação de qualidade, o resultado é a receita tradicional que aos poucos foi tomando conta do panorama televisivo, isto é, telenovelas, concursos chunga, “talk-shows” cheios de conversa fiada, os mesmos filmes exibidos dúzias de vezes, umas futeboladas e toneladas de publicidade.

E já que estou a falar de publicidade, não sei se alguém reparou que os tempos para tal a cada hora de emissão estão claramente a ser ultrapassados, principalmente nas privadas.
Desconheço se a lei foi alterada recentemente, mas o que ela diz é que o canal público tem direito a 6 minutos/hora, ao passo que nas privadas esse valor é de 12 minutos/hora. Por onde anda esse grupinho de inúteis da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social)? Não têm nada para dizer?

O exemplo que melhor reflete a decadência a que se chegou é o telejornal.
Basta assistir a um para se ver a miséria a que chegou a televisão pública.
Uma hora de duração, meia dúzia de notícias e o resto é palha para encher chouriços.

Chega a ser patético ver o desespero desta gente à procura de assunto, tendo de recorrer muitas vezes às notícias da véspera ou de dias anteriores, uma excepção que deveria ser mesmo isso, uma excepção, mas que se tornou a regra.

Tudo roda à volta de muito pseudo-jornalismo, muito sensacionalismo, muito “fait-divers”, muita conversa inócua, muito “directo” que nada diz, muito circo, muito folclore. É muita parra e pouca uva como dizia o outro…

Um telejornal não deve ter mais de 30-40 minutos de duração. Deve limitar-se às verdadeiras notícias, àquilo que de relevante se passa aqui e lá fora, transmitidas com objectividade e clareza, deixando de lado o acessório e a conversa fiada.

Há muita gente que gosta de apregoar ao vento o chamado “serviço público” feito pelo canal de todos nós, mas por aquilo que se pode ver estamos muito longe dessa realidade. O verdadeiro serviço público de televisão é muito mais do que aquilo que nos é oferecido. Telenovelas, touradas, concursos da treta ou “tertúlias” para entreter os incautos, estão muito longe de ser considerado serviço público. Aqui ou na China!

Se deixarmos de lado a RTP e voltarmo-nos para as privadas, SIC e TVI, então o panorama ainda é mais deprimente. Quando se abriu o sector à iniciativa privada, ficou assente, entre outras coisas, que também estas deveriam reservar uma parte das suas emissões para o “serviço público”. Tal nunca foi cumprido! Mais uma vez: por onde anda a ERC?

A oferta destes dois canais é, a todos os níveis, deplorável! Nem vale a pena perder muito tempo a comentar. Ainda assim, e para lá das medíocres telenovelas “made in Portugal” e dos concursozinhos chunga, não posso deixar passar em claro um fenómeno que só existe em terras lusitanas: os fantásticos “noticiários” de hora e meia, cheios de não assuntos, muito sensacionalismo e demagogia, ao melhor estilo Correio da Manhã. Segundo as audiências, os piores “telejornais”, os das privadas, são aqueles que mais cativam os espectadores. Extraordinário!

Se foi para isto que foram criadas, mais valia nunca terem aparecido, para bem da saúde mental dos portugueses. Pela parte que me toca, nem me lembro que elas existem!

Eu sei que o país atravessa muitas dificuldades, que somos um país pobre, que o Estado não tem dinheiro, que a comunicação social e os grupos que a controlam estão falidos, mas se queremos atingir outros paradigmas, outras metas para, de uma vez por todas, deixarmos de ser um país de acéfalos e atrasados mentais, então o povo tem de abrir os olhos e ser mais interventivo, mais exigente!

Para isso acontecer, precisamos de mudar mentalidades e, ao mesmo tempo, repensar todo o nosso sistema de ensino. A falta de cultura, de saber, de conhecimento, a falta de exigência e o laxismo que caracteriza o ensino em Portugal não pode continuar a ser um entrave ao nosso desenvolvimento colectivo.

É claro que há alternativas para fugir a tanta mediocridade e a tanta imbecilidade! Embora ainda haja uma larga fatia da população que não pode usufruir dela, a televisão por cabo é uma das soluções.

Também tem muitos defeitos, muita porcaria, muito canal que não interessa a ninguém, mas aumenta exponencialmente as escolhas de cada um.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Pokémon, a mais recente imbecilidade

Já não bastava ver a estupidez generalizada da maioria das pessoas que passam a vida com o nariz pregado nos telemóveis, eis que surge mais uma novidade com um nome pomposo para entreter os autómatos acéfalos que caracterizam as sociedades modernas.

Depois do enorme sacrifício que foi aturar a praga das “selfies”, onde qualquer idiota com um telemóvel se fotografava a si próprio nos locais mais rocambolescos, chegou agora a última imbecilidade chamada Pokémon Go, a mais recente invenção da Nintendo para entreter a malta.

Já sei que um imbecil da SIC andou a apanhar bonecos em directo num telejornal, o que caracteriza bem o estado a que chegaram estas lixeiras televisivas que o povinho tem de gramar, especialmente se não tiver outras alternativas. Felizmente não é o meu caso!

Aliás, a nossa comunicação social adora estas coisas. Vive do folclore, do circo, do empolamento, dos pseudodramas e da lágrima fácil.  Anda sempre ao sabor da espuma dos dias, reflexo da sua própria falência e do seu crónico acefalismo.

Para completar o panorama deprimente desta nova histeria colectiva, só faltava mesmo o manual de boas maneiras acabadinho de lançar pela Polícia para ensinar o pessoal a “caçar Pokémons” sem problemas, como se a própria Polícia não tivesse mais nada de útil para fazer. Que este país da treta anda com as prioridades trocadas há décadas, disso já eu estava careca de saber!

Também sei que já há muita gente viciada nesta parvoíce, incluindo o Homer Simpson. Só me falta saber se o Marcelo, o Costa ou a rainha de Inglaterra também já andam entretidos à procura dos famosos bichinhos.

É incrível como as pessoas se deixam contagiar com o supérfluo e o acessório!
O vazio e a frivolidade das pessoas são o reflexo da degradação desta sociedade impreparada e inculta que vamos construindo ao sabor de um consumismo desenfreado de tudo aquilo que não interessa. 

Parece que o tempo em que as pessoas socializavam umas com as outras já faz parte do passado. Hoje vivem apressadas nas suas vidinhas, sempre sem tempo para nada, mas sempre agarradas ao telemóvel, essa maravilhosa criação da tecnologia, mas que se tornou vulgar e banal. É este tipo de sociedades que estamos a construir para o futuro? Se assim é, alguma coisa não está bem!

domingo, 10 de julho de 2016

A Maldição do Lancia número 4

Se o dia 1 de Maio de 1994 será para sempre recordado como o dia mais negro na história da F1, o dia 2 do mesmo mês também ficará eternamente gravado na memória de todos aqueles que amam os ralis. O dia 2 de Maio de 1985 e 1986, ficará para sempre marcado pelo desaparecimento de dois grandes nomes do automobilismo mundial: Attilio Bettega e Henri Toivonen. Curiosamente usavam ambos o mesmo número, o 4.
Henri Toivonen e Sergio Cresto

Filho de Pauli Toivonen, antigo Campeão Europeu de ralis em 1968, Henri cedo demonstrou dotes para a condução. Tendo aprendido a conduzir com 5 anos, e apesar da sua ligação aos ralis, foi nos karts que começou.
Harri, Pauli e Henri Toivonen
Conseguiu alguns títulos, mas a sua verdadeira paixão eram os ralis e por isso dedicou-se a eles a tempo inteiro mais tarde. O seu kart foi vendido aos pais de um rapaz de 6 anos chamado Mika Häkkinen, que curiosamente viria a sagrar-se Campeão Mundial de F1 por duas vezes.

Henri Toivonen, estreou-se no Mundial de Ralis (WRC) com 19 anos, precisamente na prova do seu país, mas viria a desistir ao volante de um Simca Rallye 2, tendo a seu lado Antero Lindquist.

Sendo um dos pilotos mais espectaculares do mundo, rapidamente despertou a atenção de diversas marcas. Tal facto permitiu-lhe dar um passo em frente na carreira ao entrar para a Talbot em 1980, mas apenas à experiência.
Toivonen com um Talbot Sunbeam Lotus
O seu principal problema era o estilo demasiado exuberante que fazia com que os muitos acidentes não deixassem aparecer os resultados representativos do seu ritmo em prova e que fizeram com que trocasse de navegador diversas vezes.

Numa altura em que ninguém esperava, Henri Toivonen vence a sua primeira prova do Mundial, o RAC (Grã-Bretanha), em 1980. Com apenas 24 anos e 86 dias, vence o rali com 4 minutos de avanço sobre Hannu Mikkola, tornando-se assim no mais jovem piloto de sempre a vencer uma prova do WRC, um recorde que só viria a ser quebrado em 2008 por Jari-Matti Latvala.
Toivonen com o Opel Ascona 400
Em 1982 Toivonen entra para a equipa Opel, juntando-se a Ari Vatanen, Walter Röhrl e Jimmy McRae, mas tem dificuldades em adaptar-se ao Ascona 400. No ano seguinte passa a guiar o Manta 400 com mais sucesso, mas com algumas desistências. Nesse mesmo ano faz o Rali de San Marino ao volante de um Ferrari 308 GTB e ainda algumas provas de circuito.
Toivonen com um Porsche 911 SC RS
Em 1984 esteve para ingressar na Peugeot, mas acabou por ficar na Porsche no Campeonato Europeu de Ralis com a assistência da Prodrive, uma nova preparadora de David Richards. Nesse mesmo ano guiou um 037 pela Lancia em 3 ralis do WRC.
Toivonen ao volante do Lancia Rally 037
Em 1985 com a Lancia, começa a temporada com um violento acidente no Rali Costa Esmeralda, uma prova a contar para o europeu da modalidade. Nesse mesmo ano, Henri e Markku Alen perdem o seu colega de equipa Attilio Bettega no Rali da Córsega, ou rali das 10.000 curvas como também é conhecido.
Attilio Bettega
Na 4ª PEC, Zérubia – Santa Giulia, Bettega perde o controlo do seu Lancia Rally 037 a mais de 150 Km/h embatendo em várias árvores. A violência dos impactos fez com que o seu assento fosse perfurado causando a morte instantânea do piloto. O seu navegador, o também italiano Maurizio Perissinot, escapou ileso.
Attilio Bettega no Rali de Portugal 1984
O acidente de Bettega veio alertar os responsáveis para os aspectos de segurança dos carros do então chamado Grupo B. Apesar de algumas alterações terem sido feitas, a tragédia estava longe de ter terminado …

Entretanto, e depois de recuperar do seu acidente, Toivonen regressou à competição com bons resultados, mesmo que o 037 não favorecesse o seu estilo de condução e tivesse muito menos potência que o Peugeot ou o Audi.

Nessa mesma temporada, no último rali, o RAC, a Lancia estreia o seu novo Delta S4 com o qual Toivonen ganha a prova, sendo a segunda posição ocupada por Markku Alen em carro idêntico.
Henri Toivonen e Sergio Cresto
A temporada de 1986 começa com uma vitória expressiva de Toivonen no Rali de Monte Carlo, uma prova ganha pelo seu pai 20 anos antes. A nova temporada também marca a estreia de um novo navegador, Sergio Cresto, um americano de ascendência italiana que já tinha feito dupla com Attilio Bettega.
Toivonen no Rali Monte Carlo 1986
No Rali da Suécia desiste com problemas no motor e no Rali de Portugal abandona em protesto pelas condições da prova, depois do acidente de Joaquim Santos em Sintra que causou 4 mortos e mais de 30 feridos.
O acidente de Joaquim Santos em Sintra
Ainda em Portugal aproveita para testar o S4 e numa volta ao Circuito do Estoril consegue uma marca que lhe permitiria obter um 6º lugar na grelha de partida do GP de Portugal de F1 desse ano.

Na Volta à Córsega, a 5ª prova do ano, Toivonen estava doente com gripe e com fortes dores de garganta, mas como não tinha pontuado nas duas provas anteriores, insistiu em conduzir. Exausto e fortemente medicado Toivonen tinha alguma dificuldade em manter o S4 dentro da estrada, era demasiada potência para um rali incrivelmente sinuoso como é o da Córsega.
O Delta S4 de Toivonen na Córsega 
Mesmo assim já liderava a prova com alguma vantagem, mas ao quilómetro 7 da especial nº 18, Corte – Taverna, não evitou uma saída de estrada numa curva sem protecção. O Lancia caiu numa ravina e embateu numa árvore que rompeu o depósito de combustível causando uma explosão da qual Henri e Sergio não conseguiram escapar.
Toivonen na Córsega em 1986

Poucas horas depois, o então presidente da Federação Internacional do Desporto Automóvel, o francês Jean-Marie Balestre, anuncia o fim dos Grupo B para a temporada seguinte.
O Lancia Delta S4 com o número 4

Após a extinção dos Grupo B, diversos estudos demonstraram que estes carros estavam muito além das capacidades humanas de controle. Com acelerações dos 0 aos 100 em pouco mais de 2 segundos, o tempo de reacção dos pilotos era inferior às rápidas mudanças de direcção e, por vezes, a alta velocidade criava o efeito de “visão em túnel”, impedindo a avaliação correcta do traçado e das suas armadilhas.
O que restou do Delta S4

Muitos competidores reclamavam e até mesmo Henri chegou a fazer declarações sobre a rapidez destes bólides e disse que “tinha ganho o RAC com o Delta, mas não sabia controlá-lo. Ele parecia que tinha uma mente própria.”

Cesare Fiorio, na altura chefe da Lancia e bastante próximo de Toivonen, disse um dia que o Henri teria sido o único capaz de extrair tudo o que o S4 poderia oferecer.

Os números podem atestar a veracidade dos depoimentos sobre as capacidades e coragem do finlandês. Toivonen participou apenas em 40 provas do Mundial, tendo vencido três. A explicação para o seu sucesso entre os fâs do WRC são as suas 185 vitórias em especiais e os 22 abandonos, mostrando o quanto ele arriscava para levar cada carro ao limite.


A francesa Michèle Mouton, antiga piloto de ralis, organiza todos os anos em sua memória a Corrida dos Campeões, uma prova que engloba diversas lendas dos ralis e dos circuitos.

Henri Toivonen é um dos pilotos de rali mais conhecidos de sempre, para alguns é mesmo o melhor de sempre. É, talvez, a vítima mais visível dos Grupo B, que tinham tanto de espectacular como de perigoso…!


Attilio Bettega, Molveno – Itália   19-Fevereiro-1953 – 02-Maio-1985
Henri Toivonen, Jyväskylä – Finlândia   25-Agosto-1956 – 02-Maio-1986
Sergio Cresto, Nova Iorque – E.U.A.   19-Janeiro-1956 – 02-Maio-1986 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

O regresso das 35 horas de trabalho

Hoje, dia 1 de Julho, marca o regresso das 35 horas de trabalho para a Função Pública. Sinceramente nunca consegui perceber por que raio o funcionalismo público há-de trabalhar 35 horas por semana, ao passo que todos os outros trabalham 40. 

Coitados! É gente que se farta de trabalhar? Que se esmera como ninguém em prol do país? Que não dorme a pensar no nosso desenvolvimento colectivo? Nada disso! O que lhes interessa são os direitos adquiridos e o cheque ao fim do mês, o resto são balelas para entreter a malta.

As 35 horas de trabalho semanal é apenas mais um exemplo das cedências que todos os governos têm feito desde o 25 de Abril para calar a boca aos sindicatos, principalmente àqueles que estão ligados ao Partido Comunista.

Perante a gritaria, as greves, as ameaças e a chantagem, os governos cedem a tudo e mais alguma coisa. Enfrentar os interesses instalados pode custar muitos votos, e quando o objectivo é ganhar eleições e manter o poleiro, não há nada melhor do que arranjar uns “rebuçados” para adoçar a boquinha desta gente. Sempre assim foi, sempre assim será!

Defendida até à exaustão pelo sindicalismo trauliteiro que temos, as diferentes castas que se apoderaram do Estado e que sempre viveram à conta do orçamento, continuam a viver no delírio pensando que o dinheiro cai pelo cano e que todos os outros é que têm de trabalhar para lhes sustentar os privilégios.

Parece que esta gente ainda não compreendeu que um país falido, que sempre viveu de mão estendida e que não produz o suficiente para sustentar o Estado que tem, não pode embarcar em contos de fada e esquecer o dia de amanhã.

Todas as benesses, aumentos salariais, reformas, redução de horários, pagamento de horas extraordinárias, mais dias de férias, etc, tudo isso tem um custo. Mas como ninguém tem a coragem de enfrentar o problema e atacar a despesa, seja porque o Tribunal Constitucional não deixa, seja por pura incompetência dos governantes, recorre-se ao expediente do costume: o aumento sistemático da carga fiscal sobre todos os outros para tapar os buracos criados pelos privilégios de outros.

O regresso das 35 horas quer dizer que, das duas uma: ou o trabalho nos serviços de Estado não é assim tanto, ou que se calhar há gente a mais encostada à sombra da bananeira. Eu acredito que será mais esta última hipótese! Não será por acaso que o Estado é o maior empregador do país…

Quem entra numa repartição de finanças, num tribunal, num centro de saúde, numa câmara municipal, ou em qualquer outro serviço público, certamente já reparou que existe pessoal a mais para fazer as mesmas coisas. Se compararmos, por exemplo, o rácio entre o número de habitantes e o número de trabalhadores no sector público que Espanha tem, certamente vai reparar nas diferenças.

Passos Coelho cortou e encerrou, porque a isso foi obrigado. O PS, preocupado que está com a sua própria sobrevivência política, limita-se a reverter tudo o que foi feito anteriormente, apenas para satisfazer as exigências das forças delirantes que suportam o actual executivo. É o preço a pagar quando se dá trela aos “camaradas” e não se quer perder o tapete… Enfim, é o país que temos!

Quem não está a achar muita piada a isto é a malta que nos empresta a guita. As declarações do ministro das finanças alemão, o sinistro Schäuble, são o primeiro alerta para o que aí vem. É só aguardar…