segunda-feira, 13 de junho de 2016

Programa televisivo “Olhos nos Olhos”

No meio do miserável panorama televisivo que nos rodeia, ainda há um programa a que as pessoas deveriam prestar mais atenção. Falo do programa “Olhos nos Olhos”, exibido às terças-feiras na TVI24, um programa da autoria do Dr. Medina Carreira e com a apresentação (normalmente) de Judite de Sousa. Isto, claro, se não houver nenhuma futebolada para entreter a malta!


Sendo eu um apaixonado pelo futebol, não aceito que as televisões passem a vida a encher o chouriço com conversas perfeitamente inócuas em torno do maravilhoso mundo do pontapé na bola! Sempre vivemos com as prioridades trocadas, essa é que é a realidade… 

Ao estar sistematicamente a alterar a grelha da programação, a TVI demonstra uma total falta de respeito pelos telespectadores, algo que é muito usual neste tipo de lixeiras televisivas. Serei eu o único a queixar-me? Não creio!

Voltando ao tema, deixem-me acrescentar o seguinte: eu sei que neste mísero país à beira-mar plantado, o conhecimento e o saber nunca fizeram parte das preocupações da grande maioria do povo tuga! 
Dr. Medina Carreira

A ignorância e o analfabetismo sempre fizeram parte do cardápio das razões que nos impedem de sair do nosso ancestral atraso de vida. Estou em crer que serão ainda os resquícios dos 48 anos de salazarismo, onde o povo era mantido na mais profunda das ignorâncias, porque enquanto assim for, não há reivindicações nem exigências.

Assim sendo, o pagode vai sendo entretido com a receita do costume: uma saladinha mista de telenovelas, concursozinhos chunga, “talk shows” cheios de conversa fiada e “reality shows” de terceira categoria. Ah, e já me esquecia! Diariamente também gosta de dar uma espreitadela a essa grande referência jornalística que é o Correio da Manhã…

Será este o resultado de sermos um país completamente falido, quer financeiramente, quer intelectualmente? Acredito piamente que sim!

Mas como a exigência não é muita, os media vão servindo o prato que a larga maioria aprecia. É barato e dá milhões, isto é, audiências!

Felizmente ainda há uma ou outra alternativa para fugir às idiotices que nos querem impor! Tenho pena é que este tipo de programas não passe em sinal aberto para que todos pudessem ver e ouvir. O mais provável era que não tivesse grandes audiências. Pois é! Quem não gosta de ouvir as verdades, o melhor que tem a fazer é mudar de canal.

Ao contrário do que se possa pensar, num programa como este aprende-se muito. E porquê? Porque o ilustre Dr. Medina Carreira fala através dos números e dos gráficos que apresenta, muito longe, portanto, da retórica utilizada pelos nossos brilhantes políticos que, como alguns de nós já está careca de saber, nos mentem todos os dias e com quantos dentes têm na boca. O político que fala a verdade não ganha eleições! Então o melhor a fazer é manter o povinho na ilusão. Imagino que o “ódio” que esta gente sente pelo homem deva ser a todos os níveis notável!

Os últimos programas têm sido deveras elucidativos, principalmente aqueles em que Medina Carreira está sozinho, sem o convidado que costuma levar a cada programa. Quando está sozinho, o homem sente-se como peixe na água, e disserta sobre os problemas que continuam a fazer regredir o país de uma maneira clara, lúcida e sem rodeios. Sem papas na língua, se assim quiserem!

E, pela conversa dele, a coisa vai de mal a pior. Cinco anos depois do país ter falido e de ter pedido ajuda internacional, depois da “troika” e da austeridade que nos impuseram e dos sacrifícios que fomos obrigados a fazer, é com tristeza que se constata que afinal continuamos basicamente na mesma.

Diz ele que, e passo a citar: “se vamos continuar a insistir neste caminho, o mais provável é irmos bater outra vez na parede, ainda com mais estrondo, e a ter de pedir mais uns milhares de milhões de euros para não nos afogarmos de vez.” Concordo em absoluto com esta afirmação!

Num país sem economia, sem emprego e envelhecido, onde pensam os nossos responsáveis políticos encontrar as soluções que nos tirem do abismo?

A despesa pública não pára de aumentar, esteja quem estiver no governo. As exportações já viram melhores dias. A banca continua com a corda na garganta, mas isso não os impede de continuarem no mesmo caminho que os levou à desgraça, isto é, na concessão de crédito para compra de habitação e para consumo, em vez de o dar às empresas descapitalizadas, pois são essas que criam riqueza e emprego. 
Programa "Olhos nos Olhos"

As famosas reformas estruturais de que tanto se fala não saem do papel. O exemplo mais gritante é a reforma do Estado que ninguém tem coragem para fazer. Assim vai continuar até que apareça alguém com eles no sítio capaz de a fazer, doa a quem doer. Os dois principais partidos do nosso espectro político, PS e PSD, não estão, nem nunca estiveram interessados em enfrentar o problema de frente, uma vez que isso implica o “despedimento” das respectivas clientelas partidárias.

O Tribunal Constitucional também não permite que se mexa na despesa. Do alto da sua imensa sabedoria, em vez de olharem para os números, agarram-se à sacrossanta Constituição. Tocar na despesa do Estado? Nem pensar! Isso é sagrado. Pudera, também lhes toca…

Os camaradas do PCP, através dos sindicatos, também não querem ouvir falar em reformar o quer que seja. Muito pelo contrário. Têm horror a tudo o que seja iniciativa privada. Querem que tudo esteja nas mãos de um Estado já de si obeso, completamente burocrático e ineficiente. O Estado paga tudo. Querem um Estado que garanta o emprego vitalício e os direitos adquiridos das corporações, ou melhor, da chulagem que sempre se habituou a viver à conta do erário público.

Se a economia não arranca e não se pode mexer na despesa, então qual é a alternativa? A resposta é óbvia: mais impostos, taxas e taxinhas. Acontece que o nível da fiscalidade em cima das empresas e das pessoas já atingiu o ponto máximo da saturação. Mas se juntarmos a isto o facto de uma boa parte das empresas e das pessoas não pagarem impostos, então temos um problema. E sério!

A garotada do Bloco anda, como sempre, entretida com as chamadas “questões fracturantes”. Assuntos importantíssimos para o futuro do país como sejam as barrigas de aluguer, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a eutanásia, ou ainda a mudança do nome do cartão do cidadão. Serão, certamente, estes assuntos que vão tirar o país do buraco! 
Dr. Medina Carreira

Enquanto esta malta toda, da esquerda à direita, andar entretida na Assembleia da República com questões vergonhosas como a reposição das 35 horas de trabalho para o funcionalismo público, garantidamente que não iremos sair da cepa torta. Era bom que esta gente ocupasse o seu tempo a discutir outro tipo de assuntos certamente bem mais relevantes para o nosso futuro colectivo, como por exemplo: a já referida reforma do Estado, como se vai conseguir atrair investimento para criar emprego, como se vai resolver a questão da sustentabilidade da segurança social, ou ainda o problema da baixa natalidade.

Com o PS refém dos novos “parceiros” de ocasião, este Governo limita-se a satisfazer as suas exigências e a tentar sobreviver a qualquer custo, pois aquilo que conta é manter o poleiro. Já sabem que se assim não for, a qualquer momento ficam sem o tapete e lá se vai o Governo.

Ainda ninguém sabe, mas palpita-me que esta “aliança” entre socialistas e a esquerda mais radical vai ter consequências desastrosas não só para o país, mas também para o próprio partido!

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