O jornal A Bola
Deveria ser motivo de reflexão
o facto de num país de saloios e analfabetos, onde sempre se venderam
quantidades irrisórias de jornais, sejam eles desportivos ou não, que existam
diariamente três jornais ditos desportivos, mas que no fundo não passam de
jornais sobre futebol.
Quem já deu uma vista de olhos
a um jornal deste tipo, sabe perfeitamente que o tema dominante é o futebol,
relegando todas as outras modalidades para 4 ou 5 páginas no fim do jornal.
Eu sei que o futebol é o
desporto rei! É ele que alimenta a máquina mediática que sustenta os grupos
económicos que controlam estes órgãos de comunicação, nem que para isso se
tenham de “inventar” notícias sem qualquer fundamento, ou que hoje se diga uma
coisa e amanhã se diga o seu contrário, apenas com o intuito de entreter o
pagode e tentar aumentar as vendas.
Os entendidos na matéria
gostam de referir que existe um jornal desportivo ligado a cada um dos três
principais clubes em Portugal. O jornal “A Bola” está ligado ao Benfica, “O Jogo”
ao FC Porto e o “Record” ao Sporting. Cada um a puxar a brasa à sua sardinha,
contando a sua versão da mesma história como melhor lhe convém. É
extraordinário!
Se assim é, então como
benfiquista que sou, volta e meia também dou uma vista de olhos na Bola, apenas
para ler as gordas! Recorro apenas à sua edição online para evitar ter de
gastar um cêntimo neste tipo de leitura!
Ao dar de caras com a página
principal, o que mais chama a atenção é que rarissimamente encontramos alguma
notícia que não seja de futebol. Será que os outros desportos não merecem igual
destaque? Ou será que o motivo é não “venderem” tanto?
Talvez o problema esteja mesmo
na falta de cultura desportiva do português.
Como é que eu sei disso? Acho
que os recintos desportivos completamente às moscas são uma boa resposta para
isso! E não me venham dizer que o problema está na falta de dinheiro no bolso
das pessoas! Se há dinheiro para comprar carro novo ou ir de férias para
Cancún, é suposto que também haja para assistir a um espectáculo desportivo.
Outra coisa que também nunca
consegui perceber é qual a utilidade de uma pequena secção destinada ao
erotismo balofo! O que fazem umas gajas em poses mais ou menos descaradas num
jornal? Será que é para entreter os mais novos ou os mais velhos? Provavelmente
é só mesmo o eterno problema da falta de assunto…
Uma outra alarvidade criada
com o aparecimento da internet e das consequentes edições online, foi a criação
de janelas de comentários onde cada um pode expressar a sua opinião. Escondidos
atrás de “nicknames” completamente imbecis, qualquer idiota com um computador e
uma ligação à net pode dizer os maiores disparates, isto se não vir o seu
comentário censurado ou apagado. Parece que quem escreve alguma coisa com
sentido é muitas vezes ultrapassado por comentários inapropriados, próprios de
garotada com excesso de tempo livre. Os exemplos na Bola são bastante
elucidativos…
Ao mesmo tempo que vou sabendo
das novidades, ou da falta delas, tenho reparado que o jornalismo naquele
diário vai de mal a pior. Se olharmos com cuidado e não estivermos mais
preocupados com quem sai ou entra do clube A ou B, reparamos que os erros de
português são uma constante. As trocas de nomes e de títulos que não
correspondem às reportagens exibidas também são muito frequentes.
É caso para se dizer: se temos
um mau ensino, maus professores, más escolas, como é que podemos ter bons
jornalistas?
Isto prova a ligeireza e o
amadorismo com que se trabalha neste país! A histeria e a pressa em colocar
notícias para alimentar o circo da mediatização não pode servir de desculpa
para tanta incompetência!
Mas a rapaziada da Bola que
não fique triste, pensando que são um caso único no panorama jornalístico nacional.
Nada disso! Infelizmente, o cenário é generalizado!
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