sexta-feira, 29 de julho de 2016

O jornal A Bola

Deveria ser motivo de reflexão o facto de num país de saloios e analfabetos, onde sempre se venderam quantidades irrisórias de jornais, sejam eles desportivos ou não, que existam diariamente três jornais ditos desportivos, mas que no fundo não passam de jornais sobre futebol.

Quem já deu uma vista de olhos a um jornal deste tipo, sabe perfeitamente que o tema dominante é o futebol, relegando todas as outras modalidades para 4 ou 5 páginas no fim do jornal.

Eu sei que o futebol é o desporto rei! É ele que alimenta a máquina mediática que sustenta os grupos económicos que controlam estes órgãos de comunicação, nem que para isso se tenham de “inventar” notícias sem qualquer fundamento, ou que hoje se diga uma coisa e amanhã se diga o seu contrário, apenas com o intuito de entreter o pagode e tentar aumentar as vendas.

Os entendidos na matéria gostam de referir que existe um jornal desportivo ligado a cada um dos três principais clubes em Portugal. O jornal “A Bola” está ligado ao Benfica, “O Jogo” ao FC Porto e o “Record” ao Sporting. Cada um a puxar a brasa à sua sardinha, contando a sua versão da mesma história como melhor lhe convém. É extraordinário!

Se assim é, então como benfiquista que sou, volta e meia também dou uma vista de olhos na Bola, apenas para ler as gordas! Recorro apenas à sua edição online para evitar ter de gastar um cêntimo neste tipo de leitura!

Ao dar de caras com a página principal, o que mais chama a atenção é que rarissimamente encontramos alguma notícia que não seja de futebol. Será que os outros desportos não merecem igual destaque? Ou será que o motivo é não “venderem” tanto?
Talvez o problema esteja mesmo na falta de cultura desportiva do português.

Como é que eu sei disso? Acho que os recintos desportivos completamente às moscas são uma boa resposta para isso! E não me venham dizer que o problema está na falta de dinheiro no bolso das pessoas! Se há dinheiro para comprar carro novo ou ir de férias para Cancún, é suposto que também haja para assistir a um espectáculo desportivo.

Outra coisa que também nunca consegui perceber é qual a utilidade de uma pequena secção destinada ao erotismo balofo! O que fazem umas gajas em poses mais ou menos descaradas num jornal? Será que é para entreter os mais novos ou os mais velhos? Provavelmente é só mesmo o eterno problema da falta de assunto…

Uma outra alarvidade criada com o aparecimento da internet e das consequentes edições online, foi a criação de janelas de comentários onde cada um pode expressar a sua opinião. Escondidos atrás de “nicknames” completamente imbecis, qualquer idiota com um computador e uma ligação à net pode dizer os maiores disparates, isto se não vir o seu comentário censurado ou apagado. Parece que quem escreve alguma coisa com sentido é muitas vezes ultrapassado por comentários inapropriados, próprios de garotada com excesso de tempo livre. Os exemplos na Bola são bastante elucidativos…

Ao mesmo tempo que vou sabendo das novidades, ou da falta delas, tenho reparado que o jornalismo naquele diário vai de mal a pior. Se olharmos com cuidado e não estivermos mais preocupados com quem sai ou entra do clube A ou B, reparamos que os erros de português são uma constante. As trocas de nomes e de títulos que não correspondem às reportagens exibidas também são muito frequentes.

É caso para se dizer: se temos um mau ensino, maus professores, más escolas, como é que podemos ter bons jornalistas?

Isto prova a ligeireza e o amadorismo com que se trabalha neste país! A histeria e a pressa em colocar notícias para alimentar o circo da mediatização não pode servir de desculpa para tanta incompetência!

Mas a rapaziada da Bola que não fique triste, pensando que são um caso único no panorama jornalístico nacional. Nada disso! Infelizmente, o cenário é generalizado!

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