sexta-feira, 29 de julho de 2016

PINK FLOYD abrem a arca do tesouro

Vinte e sete discos com música e vídeo inéditos ou raros dos Pink Floyd vão ser editados dia 11 de Novembro.

“The Early Years 1965-1972” é a maior abertura de sempre dos arquivos da banda inglesa e será um acontecimento editorial.
"The Early Years 1965-1972"

A maior edição de sempre de material de arquivo inédito dos Pink Floyd vai acontecer no dia 11 de Novembro com o lançamento de “The Early Years 1965-1972”, uma caixa de 27 discos (CD e DVD/blu-ray) contendo mais de 20 canções nunca antes editadas, sete horas de gravações áudio ao vivo aqui reveladas pela primeira vez e cerca de cinco horas de imagens raras de concertos.

Esta edição da Pink Floyd Records com distribuição da Warner Music apresentará sete embalagens individuais em formato de livro (que serão vendidas separadamente no início de 2017, com a excepção do volume bónus que é um exclusivo da caixa). Incluem 130 faixas com um total de 12h33 de áudio e 15h35 de vídeo.

Os conteúdos provêm de filmagens televisivas, gravações de rádio e de estúdios, concertos, entrevistas, telediscos e muitos arquivos da banda, incluindo outtakes e demos. Destaque para os temas “Vegetable Man” e “In The Beechwoods”, ambos de 1967, que foram agora misturados.

A caixa conterá também os primeiros cinco singles de 7” em capas fac-similadas, memorabilia, e três dos mais famosos filmes para os quais os Pink Floyd fizeram a banda sonora (“The Committee”, 1968, de Peter Sykes, “More”, 1969, e “La Vallée”/ “O Vale dos Perdidos”, 1972, ambos de Barbet Schroeder). Além desta edição de luxo estará disponível no mesmo dia uma selecção em 2 CD, “The Early Years – CRE/ATION, com 19 inéditos.
Os Pink Floyd em 1967
VIC SINGH

O primeiro volume da caixa, “1965-1967 Cambridge ST/ATION”, cobre o período em que a banda foi liderada por Syd Barrett e contém as demos que antecederam o contrato com a EMI em 1967, os singles que não foram incluídos no primeiro álbum, “The Piper at the Gates of Dawn”, e a gravação de um concerto de 67 em Estocolmo. Refira-se a presença dos seis temas de 65 com o guitarrista Rado Klose que foram pela primeira vez editados num duplo single no dia 27 de Novembro do ano passado, numa acção relâmpago para evitar que os seus direitos caíssem em domínio público antes da edição de “The Early Years”. O DVD/blu-ray contém, entre outro material, filmagens de concertos no UFO em Londres.

O segundo volume, “1968 GERMIN/ATION”, cobre o período de transição com a saída de Syd Barrett e a entrada de David Gilmour. Destaque para uma sessão recentemente descoberta nos estúdios da Capitol Records em Los Angeles. Na parte audiovisual sobressai o promo clip restaurado de “Point Me at the Sky”.

O terceiro conjunto de discos, “1969 DRAMATIS/ATION”, é um dos mais importantes pois revela a produção ao vivo “The Man” e “The Journey”, cujas canções acabaram divididas por “More” e “Ummagumma”. Teremos performances em Amesterdão e em Londres (BBC), e músicas da banda sonora de “More” que foram usadas no filme mas não incluídas no disco. O DVD/blu-ray revela 20 minutos de um ensaio de “The Man”/ “The Journey” no Royal Festival Hall, que inclui “Afternoon” (que iria ser “Biding My Time”), “The Beginning” (“Green Is The Colour”), “Cymbaline”, “Beset By Creatures of the Deep” e “The End of the Beginning” (a última parte de “A Saucerful of Secrets”) e uma versão de 11 minutos de “Interstellar Overdrive” com Frank Zappa.
A versão em 2 CD, "The Early Years - CRE/ATION"

“1970 DEVI/ATION” dá um tratamento similar à música da banda sonora que gravaram para “Zabriskie Point”/ “Deserto de Almas”, de Michelangelo Antonioni. No mesmo ano, os Floyd editaram “Atom Heart Mother”, cuja primeira interpretação para a BBC com o coro e orquestra é aqui publicada. O vídeo contém uma hora de concerto para o canal KQED de São Francisco e a cobertura pela TV francesa da sua participação no festival de St. Tropez.

Nos discos “1971 REVERBER/ATION” estão as demos de “Echoes” e a sua mistura quadrifónica e imagens da performance que fizeram com o Ballet de Marselha de Roland Petit. Mais imagens da colaboração com o coreógrafo surgem no volume de 1970 e continuam em “1972 OBFUSC/ATION”, cujo principal atractivo é a primeira edição em CD do áudio de “Pink Floyd Live at Pompeii”, o documentário de Adrian Maben, incluindo a reunião das duas partes de “Echoes” que no filme estão separadas.

O sétimo volume é o bónus “CONTINU/ATION” e tem no CD as primeiras BBC sessions, a música de “The Commitée”, e a banda sonora que tocaram em directo em 1969 na BBC TV para acompanhar a ida à Lua da “Apollo 11”.

Ainda não foi indicado preço de referência, mas poderá rondar os 500 euros.



Texto da autoria do Jornalista Rui Tentúgal
Publicado na edição online do Expresso 28-Julho-2016
O jornal A Bola

Deveria ser motivo de reflexão o facto de num país de saloios e analfabetos, onde sempre se venderam quantidades irrisórias de jornais, sejam eles desportivos ou não, que existam diariamente três jornais ditos desportivos, mas que no fundo não passam de jornais sobre futebol.

Quem já deu uma vista de olhos a um jornal deste tipo, sabe perfeitamente que o tema dominante é o futebol, relegando todas as outras modalidades para 4 ou 5 páginas no fim do jornal.

Eu sei que o futebol é o desporto rei! É ele que alimenta a máquina mediática que sustenta os grupos económicos que controlam estes órgãos de comunicação, nem que para isso se tenham de “inventar” notícias sem qualquer fundamento, ou que hoje se diga uma coisa e amanhã se diga o seu contrário, apenas com o intuito de entreter o pagode e tentar aumentar as vendas.

Os entendidos na matéria gostam de referir que existe um jornal desportivo ligado a cada um dos três principais clubes em Portugal. O jornal “A Bola” está ligado ao Benfica, “O Jogo” ao FC Porto e o “Record” ao Sporting. Cada um a puxar a brasa à sua sardinha, contando a sua versão da mesma história como melhor lhe convém. É extraordinário!

Se assim é, então como benfiquista que sou, volta e meia também dou uma vista de olhos na Bola, apenas para ler as gordas! Recorro apenas à sua edição online para evitar ter de gastar um cêntimo neste tipo de leitura!

Ao dar de caras com a página principal, o que mais chama a atenção é que rarissimamente encontramos alguma notícia que não seja de futebol. Será que os outros desportos não merecem igual destaque? Ou será que o motivo é não “venderem” tanto?
Talvez o problema esteja mesmo na falta de cultura desportiva do português.

Como é que eu sei disso? Acho que os recintos desportivos completamente às moscas são uma boa resposta para isso! E não me venham dizer que o problema está na falta de dinheiro no bolso das pessoas! Se há dinheiro para comprar carro novo ou ir de férias para Cancún, é suposto que também haja para assistir a um espectáculo desportivo.

Outra coisa que também nunca consegui perceber é qual a utilidade de uma pequena secção destinada ao erotismo balofo! O que fazem umas gajas em poses mais ou menos descaradas num jornal? Será que é para entreter os mais novos ou os mais velhos? Provavelmente é só mesmo o eterno problema da falta de assunto…

Uma outra alarvidade criada com o aparecimento da internet e das consequentes edições online, foi a criação de janelas de comentários onde cada um pode expressar a sua opinião. Escondidos atrás de “nicknames” completamente imbecis, qualquer idiota com um computador e uma ligação à net pode dizer os maiores disparates, isto se não vir o seu comentário censurado ou apagado. Parece que quem escreve alguma coisa com sentido é muitas vezes ultrapassado por comentários inapropriados, próprios de garotada com excesso de tempo livre. Os exemplos na Bola são bastante elucidativos…

Ao mesmo tempo que vou sabendo das novidades, ou da falta delas, tenho reparado que o jornalismo naquele diário vai de mal a pior. Se olharmos com cuidado e não estivermos mais preocupados com quem sai ou entra do clube A ou B, reparamos que os erros de português são uma constante. As trocas de nomes e de títulos que não correspondem às reportagens exibidas também são muito frequentes.

É caso para se dizer: se temos um mau ensino, maus professores, más escolas, como é que podemos ter bons jornalistas?

Isto prova a ligeireza e o amadorismo com que se trabalha neste país! A histeria e a pressa em colocar notícias para alimentar o circo da mediatização não pode servir de desculpa para tanta incompetência!

Mas a rapaziada da Bola que não fique triste, pensando que são um caso único no panorama jornalístico nacional. Nada disso! Infelizmente, o cenário é generalizado!

domingo, 24 de julho de 2016

RTP, SIC e TVI e os esgotos televisivos

Qualquer pessoa com dois palmos de testa que ligue uma televisão e percorra os quatro canais ditos generalistas de sinal aberto, certamente já se apercebeu da miséria que é oferecida ao povinho.

A falência de um país também se vê naquilo que é transmitido nas nossas televisões, mas se a exigência de quem vê também não for nenhuma, então o resultado é verdadeiramente catastrófico.

No meio de tanta porcaria que nos é oferecida, sobra aquele canal que ainda dá algum relevo à cultura, ao debate, à ciência, ao documentário, a RTP2. O canal que quase ninguém vê, reflexo do baixo nível educacional e cultural de um povo que se diverte com o que de pior a televisão tem para oferecer.

O povo deste triste país à beira-mar plantado nunca foi muito dado ao saber, ao conhecimento, à cultura. Basta consultar um qualquer jornal ou revista que fale de audiências para se verificar por onde andam as suas preferências.

Contenta-se com muito pouco, de preferência com os enlatados que enchem os nossos écrans todos os dias. A palavra exigência nunca fez parte do seu dicionário. Lamento muito que assim seja!

Vejamos:

A RTP1, o principal canal da televisão pública, sustentada pelos impostos dos portugueses (o mesmo acontecendo com a RTP2), foi, ao longo dos anos, entrando em acentuado declínio, consequência do aparecimento das televisões privadas, em primeiro lugar, mas também devido aos progressivos cortes orçamentais efectuados nos últimos anos.

Depois desses cortes, a televisão de todos nós foi obrigada a recorrer à publicidade em larga escala como forma de tentar equilibrar o barco. Na minha opinião, uma televisão que é financiada pelo dinheiro dos contribuintes não deve ter publicidade!

Quando não há dinheiro para garantir uma programação de qualidade, o resultado é a receita tradicional que aos poucos foi tomando conta do panorama televisivo, isto é, telenovelas, concursos chunga, “talk-shows” cheios de conversa fiada, os mesmos filmes exibidos dúzias de vezes, umas futeboladas e toneladas de publicidade.

E já que estou a falar de publicidade, não sei se alguém reparou que os tempos para tal a cada hora de emissão estão claramente a ser ultrapassados, principalmente nas privadas.
Desconheço se a lei foi alterada recentemente, mas o que ela diz é que o canal público tem direito a 6 minutos/hora, ao passo que nas privadas esse valor é de 12 minutos/hora. Por onde anda esse grupinho de inúteis da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social)? Não têm nada para dizer?

O exemplo que melhor reflete a decadência a que se chegou é o telejornal.
Basta assistir a um para se ver a miséria a que chegou a televisão pública.
Uma hora de duração, meia dúzia de notícias e o resto é palha para encher chouriços.

Chega a ser patético ver o desespero desta gente à procura de assunto, tendo de recorrer muitas vezes às notícias da véspera ou de dias anteriores, uma excepção que deveria ser mesmo isso, uma excepção, mas que se tornou a regra.

Tudo roda à volta de muito pseudo-jornalismo, muito sensacionalismo, muito “fait-divers”, muita conversa inócua, muito “directo” que nada diz, muito circo, muito folclore. É muita parra e pouca uva como dizia o outro…

Um telejornal não deve ter mais de 30-40 minutos de duração. Deve limitar-se às verdadeiras notícias, àquilo que de relevante se passa aqui e lá fora, transmitidas com objectividade e clareza, deixando de lado o acessório e a conversa fiada.

Há muita gente que gosta de apregoar ao vento o chamado “serviço público” feito pelo canal de todos nós, mas por aquilo que se pode ver estamos muito longe dessa realidade. O verdadeiro serviço público de televisão é muito mais do que aquilo que nos é oferecido. Telenovelas, touradas, concursos da treta ou “tertúlias” para entreter os incautos, estão muito longe de ser considerado serviço público. Aqui ou na China!

Se deixarmos de lado a RTP e voltarmo-nos para as privadas, SIC e TVI, então o panorama ainda é mais deprimente. Quando se abriu o sector à iniciativa privada, ficou assente, entre outras coisas, que também estas deveriam reservar uma parte das suas emissões para o “serviço público”. Tal nunca foi cumprido! Mais uma vez: por onde anda a ERC?

A oferta destes dois canais é, a todos os níveis, deplorável! Nem vale a pena perder muito tempo a comentar. Ainda assim, e para lá das medíocres telenovelas “made in Portugal” e dos concursozinhos chunga, não posso deixar passar em claro um fenómeno que só existe em terras lusitanas: os fantásticos “noticiários” de hora e meia, cheios de não assuntos, muito sensacionalismo e demagogia, ao melhor estilo Correio da Manhã. Segundo as audiências, os piores “telejornais”, os das privadas, são aqueles que mais cativam os espectadores. Extraordinário!

Se foi para isto que foram criadas, mais valia nunca terem aparecido, para bem da saúde mental dos portugueses. Pela parte que me toca, nem me lembro que elas existem!

Eu sei que o país atravessa muitas dificuldades, que somos um país pobre, que o Estado não tem dinheiro, que a comunicação social e os grupos que a controlam estão falidos, mas se queremos atingir outros paradigmas, outras metas para, de uma vez por todas, deixarmos de ser um país de acéfalos e atrasados mentais, então o povo tem de abrir os olhos e ser mais interventivo, mais exigente!

Para isso acontecer, precisamos de mudar mentalidades e, ao mesmo tempo, repensar todo o nosso sistema de ensino. A falta de cultura, de saber, de conhecimento, a falta de exigência e o laxismo que caracteriza o ensino em Portugal não pode continuar a ser um entrave ao nosso desenvolvimento colectivo.

É claro que há alternativas para fugir a tanta mediocridade e a tanta imbecilidade! Embora ainda haja uma larga fatia da população que não pode usufruir dela, a televisão por cabo é uma das soluções.

Também tem muitos defeitos, muita porcaria, muito canal que não interessa a ninguém, mas aumenta exponencialmente as escolhas de cada um.